Skip to main content
Espaço

Os Espaços
do CdAN

By 21 de Fevereiro, 2024Abril 29th, 2024No Comments

Um saber-fazer e seus espaços: alma e corpo do Centro de Artes Náuticas

O saber-fazer da construção naval de madeira respira-se nas ruas de Vila do Conde. Apelar a que todos o possam vivenciar, formando talentos que o perpetuem são objetivos do CdAN – Centro de Artes Náuticas, que agrega quatro espaços: Nau Quinhentista, Alfândega Régia-Museu de Construção Naval, Casa do Barco e os novos espaços oficinal e formativo do novo Centro de Formação da Construção Naval de madeira.

São espaços impregnados de história, tradição e transmissão ativa do conhecimento, unidos pela mesma arte. Sendo complementares, deixam-se descobrir individualmente. Vamos entrar?

Nau Quinhentista

Ex-libris da cidade, a Nau Quinhentista fundeada no rio Ave é uma réplica fiel das muitas que se construíram em Vila do Conde usadas no período da expansão marítima portuguesa, e que daqui faziam, sobretudo, a rota do Atlântico Norte. Robusto e bojudo, este tipo de navio tinha capacidade para transportar grandes cargas de alimentos (para a tripulação) e mercadorias para negociar além-mar.

A nau, por si só, merece toda a atenção, mas este polo turístico e educativo tem mais para oferecer: esculturas humanas retratam os tripulantes; vemos os seus aposentos, instrumentos de navegação, uma botica da época e, por outras referências mais, navegamos no tempo. Se alguém levantar a âncora, estamos prontos para ir até ao porto de Antuérpia…

Alfândega Régia-Museu de Construção Naval

Neste edifício, cuja origem remonta a 1487, revisitámos os séculos XV e XVI com a ajuda da nova tecnologia. À entrada, um mapa-mundo interativo mostra as rotas marítimas e os principais estaleiros navais europeus da época.

Numa segunda instalação multimédia, dedicada a Vila do Conde, a atualidade é o ponto de partida para a viagem ao passado: mostra como surgiu e evoluiu a indústria de construção naval em madeira e o florescimento, na era dos Descobrimentos, do porto e dos estaleiros navais. Há também uma mostra permanente de mercadorias da época, na área alfandegária, e uma sala dedicada à técnica construtiva dos séculos XV e XVI.

No primeiro piso da Alfândega Régia-Museu de Construção Naval está o CEDOPORMAR – Centro de Documentação dos Portos Marítimos Quinhentistas, com um manancial de reproduções digitais de documentação escrita e iconográfica da construção naval, navegações e do comércio ultramarino, no período quinhentista, à disposição de todos os que queiram mergulhar na História.

Casa do Barco

Fazendo um triângulo de descobertas com a Nau Quinhentista e a Alfândega Régia-Museu de Construção Naval, a Casa do Barco – inserida na Loja de Turismo Interativo de Vila do Conde – apresenta-nos as técnicas e os processos de construção naval de madeira que chegaram aos nossos dias, bem como a evolução desta arte entre os séculos XVIII e XX.

No centro da Casa está uma motora, uma embarcação de pesca utilizada, nos anos 40 e 50, do século XX, em tamanho real e sem o forro colocado num dos lados da embarcação para vermos a estrutura interior. Há uma razão para estar inacabada: integra a exposição permanente “com o Risco se faz um barco”. Aliás, a ocupar uma parede e parte do chão está a o risco da motora, onde através de um método secular (descrito já no séc. XVIII) o respetivo plano geométrico é “lançado à sala”, ou seja, desenhado à escala real. A explicação deste processo, bem como a exposição de várias ferramentas e utensílios, testemunham a herança de um saber-fazer de inestimável valor que não podemos perder.

Centro de Formação da Construção Naval de Madeira

A carpintaria naval, embebida da tradição local, já tem “carteira náutica” para rumar ao futuro. No piso térreo de um edifício na Praça José Régio está este novo Centro, de onde sairão artífices certificados e pequenas embarcações de madeira. A sua fruição pelo público faz parte do conceito.

Com efeito, formação técnica especializada, serviço educativo e turismo de experiência cruzam-se neste polo do CdAN, cuja atividade arranca no primeiro trimestre de 2024. Composto por várias salas de formação, área de modelismo naval, uma biblioteca especializada em cultura marítima e oficina. No entanto, o Centro nasce para ser muito mais que o seu espaço físico: do programa farão parte ações práticas na Alfândega Régia-Museu de Construção Naval e na Casa do Barco; saídas para o rio e mar com os barcos aqui construídos; visitas a locais de interesse, como os estaleiros navais; workshops e outras iniciativas.

Os espaços do Centro de Artes Náuticas cruzam as áreas da formação, investigação e vivência de experiências lúdicas que convidam à participação ativa de todos os públicos. Sejam bem-vindos!