História da construção naval de madeira: em defesa de um saber secular
Na história da construção naval em Portugal, em particular a de madeira, Vila do Conde tem um papel fundamental. Dos seus estaleiros saiu parte da frota da expansão marítima nos séculos XV e XVI. Defender o inestimável saber acumulado ao longo de séculos e dá-lo ao futuro é a missão do CdAN – Centro de Artes Náuticas.
Não é por acaso que a réplica da Nau Quinhentista está fundeada no rio Ave, junto ao Cais da Alfândega: aqui se situavam os estaleiros navais que tornaram Vila do Conde um dos maiores construtores navais do reino na era dos Descobrimentos. E se, passado meio milénio, foi possível replicar uma nau é porque o saber-fazer ainda faz parte do ADN desta terra.
Tão forte indústria naval não despontou do nada. Presume-se que date dos séculos XI e XII a criação dos primeiros estaleiros no concelho. Recuando mais no tempo, temos do ano 935 o primeiro registo escrito com menção à existência, em Vila do Conde, de salinas e pesqueiras – apesar de não ser referida a construção de barcos, é descabido imaginar sem ela as atividades de mar.
No século XIII, aumentou a dinâmica construtiva e portuária. No entanto, foi a partir do século XV e sobretudo no século XVI que a construção de barcos de madeira em Vila do Conde teve um crescimento exponencial. Sobre a participação na expansão marítima do país e consequente atividade comercial, há consideráveis registos, reunidos no Centro de Documentação dos Portos Marítimos Quinhentistas (CEDOPORMAR), integrado na Alfândega Régia – Museu de Construção Naval, um dos polos do CdAN.